Talvez
dai um pouco de meu trauma de carnaval. Nunca consegui gostar na
verdade, e atualmente detesto. Mas vamos a história. Devia ter lá
meus 20 e poucos anos. E eu mais dois amigos de faculdade decidimos
acampar no carnaval, no Balneário do Angico, na cidade de São Pedro
do Sul, RS. OK. Comprei uma barraquinha Iglu, no Big, malas
arrumadas, e no sábado, se fomos. Eu, meus dois amigos, o Socó, e o
Leitão, e meu pai, nos levando, em seu velho Scort. Chegando o
camping estava completamente lotado, não havia um espacinho, para
estrearmos a barraca. Até que com muita insistência, avistamos um
patio de uma casa, e imploramos para o casal de idosos, deixar
armarmos a barraca ali. E não iriamos incomodar. No aceite do casal,
aquela alegria, iria iniciar o acampamento, mas como alegria de pobre
dura pouco, quando fomos pegar a barraca no porta-malas do carro,
cadê? Tinha esquecido a barraca em casa. E agora? Meu pai até se
prontificou a ir buscar, mas o carro não ligava. Bah! E se foi meu
pai, a cata de um mecânico. Liguei pra casa e falei da situação, e
minha vó, Ariete, com lá seus 70 anos na época. Se prontificou a
trazer a barraca DE ONIBUS, pra nós (1 hora de viagem). Isso que é
parceria. Minha vó, adorava uma fuzarca, aos 70 ainda andava a
cavalo, passava seis meses do ano viajando, com uma jovialidade de
dar inveja. E lá se veio a velinha de ônibus com a barraca. Passou
umas horas, e o pai conseguiu o carro, e vai buscar a vó, na
rodoviária de São Pedro. E chega ela com aquele sorriso. Nos
abraçamos, e pegamos a barraca. E começamos a montar, naquela
felicidade. E qual a nossa surpresa, novamente, quando ao abrirmos a
caixa, percebemos que veio só a lona da barraca, e as varas não.
Venderam a barraca, sem a armação. Poxa vida! Parecia brincadeira.
E com aquele bom animo, e falta total de noção que só a juventude
nos da. Penduramos aquele lona em duas arvores, no patio de nossos
anfitriões, e com aquele troço parecendo um paraquedas, minha vó e
meu pai, nos deixaram para as folias de momo. Nos advertindo para
termos juízo, mas depois disso tudo, eles ainda acreditavam que
tínhamos algum juízo? Bom só aí, já tava feito o carnaval. De
resto é dizer que o Leitão, se enfezou sei la porque, e ficou
dormindo na barraca, e não saiu a noite; que o Socó, inventou de
ficar com a guria de um carinha de um dos bloco do Balneário, e eu
enchi a cara e acabei indo vomitar perto da barraca de madrugada. E a
ultima pá de cal foi quando o Socó, se enfiou correndo pra dentro
da barraca, dizendo que os amigos do namorado da menina, estavam
perseguindo ele. Só vimos aqueles vultos passando do lado da
barraca, perguntando. Cadê ele. É depois de tudo isso, só faltava
apanhar mesmo. E tem gente que não entende porque eu não gosto de
Carnaval.
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